terça-feira, 13 de novembro de 2018

Sobre se sentir mal por se sentir mal

Está rolando a maior polêmica em torno do comentário nojento do Silvio Santos sobre a Cláudia Leite. Só de lembrar da situação me dá uma ânsia e uma raiva tão grande por saber que mulheres passam por isso diariamente e são obrigadas a sorrir e acenar como a Leite fez.

Esse episódio me fez lembrar de um acontecimento comigo. 

Certa vez, voltando da UFMA, provavelmente dentro de um Circular I ou Cohatrac IV, à noite e acompanhada de mais uns 3 amigos HOMENS, falávamos sobre sonhos.

Um desses amigos começou a falar sobre sonhos lúcidos que é quando se está sonhando e você tem consciência disso. E por ter consciência, você faz o que quiser nele como por exemplo, voar e etc.

Pois bem, esse amigo falou que voava e falou que transava com qualquer mulher que ele quisesse nesses sonhos, bastava ele querer. E aí veio a bomba no meu colo: "inclusive tenho vários desses sonhos com Aléxia e sempre te vejo nua (e me olhou dos pés as cabeça".

Eu quis morrer bem ali. Os outros meninos acharam engraçado, mas eu queria sacar da janela do ônibus ou talvez ter uma arma e dar um tiro na testa do fulaninho. O fulaninho não se sentiu mal por me constranger, achou tudo bem seu cometário; eu não disse nada na hora, ou pelo menos não lembro de ter dito.

Mas de uma coisa eu me recordo: da aversão que criei desse "amigo". Criei um nojo, olhar pra ele me dava asco. Eu não gostava que ele triscasse um dedo em mim ou me dirigisse a palavra. E o pior: eu me sentia mal por não querer mais falar com ele, sentia que eu tava exagerando, sendo grossa.

Hoje aos 26 anos sei que não foi exagero. O que eu sofri foi assédio e assédio não é ok, normal, "vida que segue". Assédio constrange, marca e é crime. 

Chega de passar a mão na cabeça de homem escroto tenha ele 18, 30, 60 ou 80 anos! 

NÃO PASSARÃO.